Países de fora da Opep decidem tirar 600 mil barris de petróleo do mercado

Volume se soma ao corte de 1,2 milhões de barris diários acordado em Novembro. Objetivo é elevar os preços do barril.

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Um grupo de 12 nações que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se comprometeram, em reunião com os 13 sócios do cartel petrolífero em 10/12/2016, a retirar do mercado cerca de 600 mil barris diários do mercado a partir de Janeiro de 2017.

A informação foi confirmada à imprensa pelo ministro do Petróleo do Irã, Bijan Zangeneh, ao sair da reunião ministerial “OPEP/Não-OPEP” da qual participaram 25 nações produtoras responsáveis por cerca de 60% da oferta mundial dessa matéria prima.

O volume anunciado se soma ao corte de 1,2 milhão de barris diários (mbd) com o qual se comprometeram os 13 sócios da Opep na 171ª conferência ministerial do grupo no último dia 30 de novembro em Viena.

Sendo assim, no total, o rebaixamento das provisões se for cumprido, deverá rondar os 1,8 mbd, cerca de 2% da produção mundial.

Essa quantidade supera em 50% o crescimento da demanda de petróleo do planeta que os analistas da OPEP previram para o próximo ano (1,2 mbd).

O objetivo da medida é elevar os preços do barril, reduzindo o excesso de provisões que abala os mercados desde meados de 2014, o que causou uma queda de quase 80%.

Nesta segunda-feira, 12/12/2016, observou-se que os barris de petróleo tiveram forte valorização, chegando a máximas não vistas desde julho de 2015.

Fonte: G1 Globo

OPEP Fecha acordo para cortar produção e gera forte alta nos preços do Petróleo

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Os principais países produtores de petróleo acordaram hoje (30/11/2016), em Viena, reduzir a produção do óleo para diminuir a oferta e, assim, forçar a alta dos preços da commodity.

A decisão foi aprovada durante a 171ª reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

A extração será reduzida em cerca de 1,2 milhões de barris diários. Com isso, a produção diária mundial não deverá ultrapassar 32,5 milhões de barris diários, embora a expectativa da própria OPEP seja de um crescimento da demanda mundial em 2016 e em 2017.

Os termos desse novo acordo já tinham sido estabelecidos em setembro, quando o grupo aprovou o chamado Acordo de Argel, estipulando um corte na produção e o teto entre 32,5 milhões e 33 milhões de barris extraídos por dia (bpd). O foco do Acordo de Argel, segundo explicou hoje o presidente da conferência, o ministro da Energia e da Indústria do Qatar, Mohammed Bin Saleh Al-Sada, era “acelerar a retirada dos estoques, trazendo o reequilíbrio do mercado”.

Um grupo de trabalho foi criado para estudar e recomendar a implementação do nível adequado de produção pelos países membros, discutindo o tema inclusive com representantes dos países produtores que não integram a OPEP. “Esses esforços exaustivos para construir um consenso entre todos os produtores têm sido vitais para o processo de construção de um acordo”, disse Al-Sada, comentando que limitar a produção de forma a “devolver uma estabilidade sustentável ao mercado” seria benéfico para as economias nacionais e mundial.

De acordo com Al-Sada, o Acordo de Argel vinha sendo capaz de deter “a deterioração dos preços”, até que, em 14 de novembro, os preços voltaram a baixar. “É vital que os estoques comecem a cair. Então os preços começarão a subir e a estabilidade retornará ao mercado. Todos os produtores compreendem a gravidade da situação e todos os consumidores também devem compreendê-la”, acrescentou o ministro, citando a perspectiva de a demanda mundial, em 2040, ultrapassar os 109 milhões de barris de petróleo diários – mais de três vezes o limite estabelecido hoje.

“Este crescimento exigirá investimentos significativos. Em geral, as necessidades estimadas de investimentos relacionados ao petróleo estão próximas de US$ 10 trilhões no período até 2040”, declarou Al-Sada, lembrando que, apesar das perspectivas otimistas para os produtores, os investimentos globais caíram entre 2015 e 2016 e especialistas afirmam que devem se manter nos atuais patamares por mais algum tempo.

Com o entendimento entre os países, ainda não oficializado pela entidade, mas já informado por alguns participantes do encontro, a cotação do barril de petróleo teve alta de cerca de 8% desde o início do dia, sendo que o Brent chegou a US$ 50,6 por barril, com crescimento de 8,37%, e o WTI foi a US$ 48,8, em alta de 7,99%.

Fonte: TN Petróleo

A Decepção na Cidade Fluminense que Esperava Prosperar com o Petróleo

A cidade de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro, viveu anos de animação e expectativa, esperando uma prosperidade que ainda não chegou.

Em 2008, quando começou a construção do Complexo Petroquímico da Petrobras (Comperj), a perspectiva era de que se criassem milhares de empregos ligados ao setor em Itaboraí, o que atraiu investimentos e trabalhadores de todo o país.

Mas uma queda no preço internacional do petróleo, os altos custos da estrutura e os escândalos de corrupção investigados pela operação Lava Jato fizeram esse sonho ruir: parte das obras do Comperj foi suspensa, e parte dos trabalhadores do local enfrentou ondas de demissões.

O Comperj – formado por duas refinarias, uma planta petroquímica e uma de gás natural – deveria ter ficado pronto em 2011, segundo a Agência Brasil.

O espaço teria capacidade de refinar 165 mil barris de petróleo por dia. O objetivo seria atender ao crescimento da demanda de derivados no Brasil, como óleo diesel, nafta petroquímica, querosene de aviação, coque e GLP (gás de cozinha).

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Construção de complexo petroquímico começou em 2008 em Itaboraí, no Rio de Janeiro

Mas atualmente a única obra com previsão para ser concluída (em 2017) é a planta de beneficiamento de gás.

Empresas envolvidas na construção das refinarias foram investigadas na Operação Lava Jato, que apura pagamentos de propina e políticos. A investigação levou à prisão donos de construtoras e ex-dirigentes da Petrobras – como o então diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto da Costa.

No último mês de março, ainda na gestão anterior da empresa – Pedro Parente, novo presidente da estatal, assumiu o cargo em maio -, a Petrobras informou que o Comperj só deve entrar em funcionamento no ano de 2023.

A crise econômica e as incertezas sobre a construção do complexo provocaram milhares de demissões em Itaboraí – refletindo a crise financeira em todo o Estado do Rio de Janeiro, que recentemente decretou estado de calamidade por conta dos problemas de caixa.

“A nossa dispensa foi em 2015”, conta o soldador Sérgio. “A despesa com dois filhos pequenos e com esposa é muito alta, então você não pode ficar parado. Quase todos os dias nós vamos na agência para ver se há uma vaga de emprego porque a gente tem que fazer alguma coisa para sustentar a família.”

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Milhares de trabalhadores foram dispensados com o declínio de projeto de complexo petroquímico

Muitos trabalhadores de outros Estados que foram para o Rio de Janeiro para trabalhar em Itaboraí não conseguiram voltar para casa por falta de recursos.

Segundo Helil Barreto Cardozo (PTN), prefeito de Itaboraí, muitos prédios foram construídos para receber funcionários e executivos da indústria do petróleo. Porém, a maioria deles nunca entrou em funcionamento.

“Esse sonho virou um grande pesadelo para a cidade”, disse Cardozo.

Até agora, a Petrobras investiu estimados US$ 14 bilhões em Itaboraí. Retomar o projeto e colocar o complexo em funcionamento até 2023 vem sendo tratado como de grande importância estratégica pelo governo – para tentar reduzir o déficit da importação de combustíveis no Brasil.

Mas para os trabalhadores que apostaram no sonho do complexo petroquímico de Itaboraí, a perspectiva parece muito distante.

“A gente não consegue enxergar o futuro, porque está tudo parado, a gente fica pensando em como recomeçar”, disse o soldador Sérgio.

Fonte: BBC Brasil.com