SHELL DEFENDE COMPROMETIMENTO COM O CONTEÚDO LOCAL E BUSCA NOVOS FORNECEDORES NO BRASIL

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Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) em 26. maio, 2015

O que todos os empresários brasileiros estão buscando neste momento, sejam pequenos, médios ou grandes, é uma nova leva de encomendas no horizonte, mas o setor de óleo e gás passa por um período de quase estagnação neste sentido, muito impactado pela situação da Petrobrás. Apesar de ainda ser – e provavelmente continuar sendo por muitos anos – a principal contratante do segmento, a estatal não é a única, já que a presença das operadoras privadas vem crescendo no País. É o caso da Shell, que passou ao posto de segunda maior produtora de petróleo no Brasil em abril, após anunciar a aquisição da BG, e atualmente desenvolve um plano de incentivo à cadeia de fornecedores locais. A companhia anglo-holandesa vem organizando uma série de encontros pelos estados brasileiros, com o intuito de ampliar sua base de fornecimentos, e na última semana realizou um novo evento do tipo no Rio de Janeiro, em parceria com o Sebrae e a Rede Petro Rio. Os empresários locais lotaram o auditório, mostrando o alto interesse das pequenas e médias companhias em abrir canais com novos operadores. Durante o encontro, a empresa ainda apresentou um passo a passo para os interessados em se tornarem fornecedores no Brasil (veja no final da reportagem).

Além disso, a postura da Shell, se for confirmada na prática, chama atenção pela defesa do conteúdo local, em um momento em que a própria Petrobrás vem mandando para a China alguns projetos que deveriam ser feitos no Brasil.

O gerente de desenvolvimento do mercado de fornecedores da Shell, Marcelo Mofati (foto à esquerda), fez uma defesa enfática do conteúdo local durante o encontro, afirmando que a empresa pretende atingir índices acima das obrigações contratuais com a ANP, mas ressaltou a necessidade de que haja competitividade na indústria.

A Shell quer ser reconhecida como a empresa internacional mais comprometida com o conteúdo local. Porque consideramos que é uma forma genuína de acessar os recursos. Não vale estar no Brasil há 102 anos e não se preocupar com isso”, afirmou, destacando o longo período de presença da companhia no País.

Mofati contou ainda que a empresa possui hoje uma estrutura independente no país, ligada diretamente à presidência, apenas para lidar com a questão do conteúdo local, criada como consequência do aumento das exigências contratuais neste sentido a partir da 7ª rodada de licitações da ANP, em 2005. Ainda assim, o executivo ressaltou que acreditam na evolução das regras e reiterou a importância de as pequenas e médias empresas buscarem ser competitivas.

A estratégia é promover o conteúdo local em uma base competitiva. Ninguém aqui vai comprar de vocês se não forem competitivos. E não é ser competitivo em 30%, mas em termos internacionais”, afirmou, para em seguida amenizar o tom: “A Shell entende que sem os pequenos e médios fornecedores essa indústria não se sustenta. E as portas da empresa estão sempre abertas”.

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O executivo explicou ainda que, em alguns casos, a Shell oferece suporte técnico para os fornecedores menores, e quando eles precisam de apoio financeiro, os encaminha para o BNDES. Além de Mofati, André Eller e Fernando Pedroso (foto à direita), ambos da equipe de desenvolvimento de mercado de fornecedores da operadora, também apresentaram detalhes do programa de incentivo à cadeia de bens e serviços no evento. Para facilitar o contato com os pequenos e médios empresários, a Shell utiliza um sistema em que os fornecedores podem se cadastrar em um banco de dados chamado CadFor.

Nosso intuito é desenvolver a cadeia de suprimentos. Se um fornecedor não pode atender diretamente a Shell, podemos indicá-lo a um de nossos fornecedores maiores”, ressaltou Pedroso.

Veja abaixo as principais perguntas e respostas para as empresas interessadas em se tornarem fornecedoras da Shell no Brasil, de acordo com um pedido feito pelo Petronotícias à empresa:

Como as empresas podem se aproximar da Shell para fazerem parte da cadeia de fornecedores dela?

O primeiro passo que um pequeno ou médio empresário deve seguir é cadastrar-se no CadFor. Uma vez registrada no sistema, a empresa passará a estar visível para eventualmente ser fornecedora direta ou indireta da Shell. Em geral, as contratações são feitas por intermédio dos nossos fornecedores primários.

Como uma pequena ou média empresa pode se tornar uma fornecedora global da Shell?

Como uma empresa internacional de energia, a Shell tem operação em mais de 90 países, o que possibilita a importação e exportação de determinadas técnicas e aplicações. O mesmo ocorre com nossos fornecedores: assim como trazemos para o Brasil a expertise de alguma empresa que seja nossa fornecedora em outra região onde operamos, do mesmo modo podemos levar para fora do país algum case de sucesso daqui.

Passo a passo para se cadastrar no Cadfor:

Basta acessar o link do CadFor (www.cadfor.com.br) e seguir as instruções. Primeiramente, um formulário com informações básicas da empresa é solicitado. Depois, os administradores/organizadores do portal cobram uma série de documentos. Após o resultado da análise deste material, a empresa ingressará ou não no sistema. Caso não esteja apto naquele momento, o empresário poderá se adequar no que é exigido e entrar com um novo requerimento dentro de um prazo determinado pelo CadFor. 

Quais são as principais demandas de produtos e serviços da Shell no país?

Há diferentes demandas que poderão variar em função dos projetos nos quais estamos envolvidos. Dentre as necessidades mais constantes, temos demandas de logística, incluindo movimentação de equipamentos e materiais, barcos de apoio e bases logísticas que suportam nossa operação em alto-mar.